Executivo e Legislativo em desacordo

JOTTA PAIVA

Da Redação do Jornal DeFato

Assú - O distanciamento entre o Executivo e o Legislativo em municípios como Apodi e Pau dos Ferros e o estranhamento entre o Prefeito e seu líder na Câmara Municipal de Assú, são fatos atípicos em tempos de campanha no Rio Grande do Norte. Nos dois primeiros municípios, a situação é mais crítica e provavelmente não terá desdobramento nesse período, já em Assú tudo ainda caminha em banho-maria, mas se mexer é possível ver muitas pontas debaixo do tapete.

O estopim foi aceso quando o líder do governo na Câmara, vereador Carlinhos de Ewerton (PSC), decidiu fechar acordos políticos na esfera estadual com outros candidatos que não são os mesmos do prefeito Ivan Júnior, que só ficou sabendo dessa decisão por terceiros. Isso o teria desagradado a ponto de cogitar a mudança de sua liderança no Legislativo.

Pelo menos dois nomes foram cogitados para assumir a função de Carlinhos de Ewerton na Câmara: os vereadores João Brito (PP) e João Paulo (PTB). Na última sexta-feira, 9, Ivan convocou uma reunião, realizada às margens da Lagoa do Piató, com os vereadores governistas e apenas Carlinhos não foi convidado.

O jornalista Valderi Tavares publicou em seu blog que durante sessão ordinária do Legislativo na última terça-feira, 13, houve um esforço coletivo dos vereadores governistas para declarar apoio aos candidatos de Ivan Júnior e isso seria uma forma de protesto à decisão de Carlinhos. O presidente da Câmara, Odelmo Moura (PMDB), não confirmou a informação nem quis se comprometer falando sobre o assunto.

O clima de prudência reina em Assú desde que Ivan Júnior assumiu e ele vem se esforçando para manter-se assim. Perguntado sobre o assunto, ele tentou manter o tom, embora não tenha convencido. Segundo ele, o problema de Carlinhos não acompanhar o seu candidato a deputado estadual tem a ver com problemas políticos relacionados ao ex-prefeito Ronaldo Soares (PR). "Sei disso desde a eleição", disse Ivan.

O prefeito negou que pretenda retaliar Carlinhos de Ewerton, mas não negou a disposição de mudar sua liderança no Legislativo. "A liderança do meu governo no Legislativo é rotativa", adiantou Ivan. Até o final do mês, ele disse que reunirá toda a bancada governista para discutir o assunto e decidir, na presença de todos, o que será feito sobre o assunto.

Para Carlinhos de Ewerton, nada está acontecendo. "Continuo líder do Prefeito até receber uma notificação oficial", e acrescentou: "Estou muito satisfeito com a liderança de Ivan Júnior do Legislativo".

Leonardo e Manoel continuam sem acordo

Em Pau dos Ferros, a relação entre o prefeito Leonardo Rego (DEM) e o presidente da Câmara, Manoel Florêncio (PMDB), está rachada e praticamente não tem conserto. A disputa de popularidade entre as duas instituições (Executivo e Legislativo) tem sido o ponto mais discutido. Enquanto Leonardo aparece com 74% de aprovação, o Legislativo amarga com apenas 23% dividido entre ótimo e bom, de acordo com dados do Instituto Perfil.

A separação entre as duas lideranças começou depois que Manoel resolveu abandonar o acordo firmado com o Prefeito, para acompanhar as orientações do diretor do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), Elias Fernandes. "Houve um 'ajoelhamento' de Manoel com a estrutura do Dnocs e com Elias", disse Leonardo.

Manoel Florêncio foi o único peemedebista a se eleger para o Legislativo. Mesmo o Democratas tendo feito quatro vereadores, abriu mão da presidência da Câmara para Manoel, por respeito a seu partido, que é também o do vice-prefeito Fabrício Torquato e da ex-vice-prefeita Maria Rego.

O motivo para a separação foi justamente quando Manoel entregou a presidência do partido (PMDB) para integrar uma comissão provisória presidida por Elias Fernandes. Para o prefeito, essa postura de Manoel representa o seu fim político. "Ele é fraco como legislador", complementa.

Após isso, começaram as dificuldades de entendimento entre Executivo e Legislativo. "Há um verdadeiro boicote da Câmara para com a Prefeitura", acusa Leonardo, alegando ter seus projetos rejeitados na casa legislativa.

Manoel Florêncio disse que não há boicote, o problema é que os projetos do Executivo não são claros. Ele prefere se manter prudente e não se manifestar a respeito dos comentários do Prefeito.

Em Apodi, vereadores mantêm oposição

Em Apodi o distanciamento entre Legislativo e Executivo existe desde a eleição em 2008, quando a prefeita Goreti Pinto (PMDB) não conseguiu maioria na Câmara. A vitória do vereador João Evangelista (PR), para a presidência, convergindo com os colegas da base oposicionista, dificultou ainda mais a aproximação.

O grupo, hoje chamado de "Vereadores em ação", que tem, além de Evangelista, os vereadores Genivan Varela (PCdoB), Chico de Marinete (PCdoB), Ângelo Suassuna (PV) e Júnior Carlos (PSB), tem sido uma pedra no sapato da Prefeita, que já tentou negociar, por várias vezes, um acordo político.

Segundo Evangelista, por enquanto não há nenhuma intenção da parte do grupo de se aproximar do Executivo politicamente, mas garante que no tocante ao administrativo não se opõe aos projetos que são bem elaborados e que apresentem uma justificativa plausível para a sociedade.